Comprar de fornecedor estrangeiro exige cautela

Marcos Zanutto
Fábio Pegoraro, diretor da Retífica Leão, conta que pediu um produto e recebeu outro de empresa sul coreana
Se dentro do território nacional a relação entre fornecedor e comprador muitas vezes gera dor de cabeça, ela tende a ser mais complicada quando a negociação é internacional. Mal entendido devido à diferença de cultura e língua não é incomum. Nem mesmo calote. É preciso tomar cuidado para que as vantagens disponibilizadas pelo comércio globalizado não acabem em prejuízo.
Há 30 anos trabalhando na área, o advogado e despachante aduaneiro Élio Avelino de Rezende Júnior faz uma série de recomendações aos empresários que pretendem começar a importar. Sócio da InAccess, de Curitiba, ele conta que a primeira dica é ir até o país estrangeiro conhecer o fornecedor. “Essa é a forma ideal de garantir que o negócio vai se realizar em segurança.”
Mas, como ele mesmo ressalta, nem sempre é possível fazer a viagem. A orientação, nesse caso, é realizar uma pesquisa pela internet e conversar com quem já comprou da empresa estrangeira. “Há organizações fora do País que podem informar, por exemplo, se uma determinada empresa responde a um processo judicial”, afirma.
Rezende diz que o despachante aduaneiro exerce uma “atividade meio” e não pode ser responsabilizado por problemas ocorridos entre comprador e fornecedor. “A função do despachante é fazer o desembaraço alfandegário. Ele só pode ser responsável por algo que deu errado se houver um contrato com cláusula expressa, o que é muito raro”, explica.
Para certificar-se que o exportador está enviando a carga correta, o comprador tem a possibilidade de contratar uma empresa de certificação internacional. “Você paga para a empresa, que vai lá checar se o que está sendo despachado é exatamente aquilo que consta do pedido”, informa. De acordo com o advogado, essa é uma saída que vale a pena, independentemente do valor da compra. Por último, ele sugere que o comprador faça o pagamento com carta de crédito, na qual deve estar expresso que o crédito só é recebido pelo fornecedor após conferência da mercadoria no Brasil.
A Retífica Leão sabe bem como pode ser difícil a relação entre comprador e fornecedor no comércio internacional. A empresa londrinense, que produz geradores de energia, afirma ter sido vítima de um golpe em 2011, que resultou num prejuízo de cerca de R$ 190 mil. Depois de duas compras bem sucedidas feitas na HTA – Hyundai Auto Tech, da Coreia do Sul, a retifica alega ter sido ludibriada na terceira transação.
A Leão mostrou à reportagem o pedido de 32 motores e 32 radiadores. Mas foram despachados para o Brasil 64 radiadores, cujo preço é menos de um sétimo do valor dos motores.
“Sempre que tentamos contato com a empresa, eles nos deram respostas evasivas”, afirma o diretor da retífica, Fábio Pegoraro. A sul coreana não trocou a mercadoria e nem devolveu o dinheiro pago antecipadamente. Ele conta ter procurado o Itamaraty, a Embaixada Coreana e o Consulado Coreano em Curitiba, pedindo apoio para tentar resolver o problema. Mas, sem sucesso. “Queremos alertar outros empresários para que não sejam enganados também”, explica. Pegoraro sustenta que a empresa permanece ativa e vendendo os motores para o Brasil.
De acordo com o empresário, se fosse contratar um escritório de advocacia internacional para tentar solucionar o caso, ele gastaria aproximadamente R$ 120 mil. “Mas aí, essa despesa não compensaria meu prejuízo”, alega. A advogada Kíssia Tiba conta que a retífica tentou acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). “Mas, a entidade só intervém se for uma negociação de relevância, que interfira na economia de um dos países”, afirma.
Por meio da assessoria de imprensa, a Hyundai Motor Brasil afirmou que não tem ligação com a Hyundai Auto Tech.
Nelson Bortolin
Reportagem Local

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